sexta-feira, 14 de janeiro de 2011


Quando alguém pede para que eu desgrampeie uma prova que está atrelada à outra, eu normalmente uso minhas próprias mãos para desempenhar a tarefa, mas sempre penso naquela ferramenta apropriada para retirar o grampo.
Porém, gosto mesmo é de usar as mãos, encontrar a posição exata da unha para posicionar a dobra esquerda do metal e depois a direita, para enfim, retirar o grampo, num outro entrelaçar de unha e metal, puxando no outro lado da folha.
Não há uma única vez que não espete o dedo na primeira, ou na segunda etapa do processo.
Não vou, de toda forma, levar para a sala a ferramenta arrancadora de grampos.
Nasci, de alguma forma, para espetar o dedo na tarefa e mesmo assim achar algo de interessante para aprender com tudo isso.
Aspirei toda a sujeira do cavalo de aço, e esborrifei uma combinação somática de desinfetantes.
Retirei uma montanha de artefatos plásticos que cobriam preciosidades da sua estrutura, tal qual as hastes metálicas reforçadas que combinam os bancos ao assoalho.
Aço e olho, olho e aço, assim como aprender a equilibrar-se na bicicletazinha com rodinhas.
As rodinhas servem como item de segurança para alguns poetas, músicos e alguns tipos de artistas sempre aprendizes.
Eu aprendo o que ensino quando o poema é você.
Não esqueçamos jamais que a invenção, e não a descoberta da roda, foi um avanço tecnológico da raça, revolucionário pela sua natureza.
A natureza do homem e suas idéias, suas treinagens do olhar, suas avançadas por guerras, ou paz.
Usei de técnica e variáveis para criar uma lembrança.
Veja que esquisitice essa, a de criar lembranças.
Lembranças não se criam, o que se cria é souvenir

Tanta gente faz tanta coisa.
O velho falou que não ia mais empilhar palavras, mas o que seria do velho se ele não amontoasse livros com as folhas todas em branco?
As folhas em branco são puristas e as palavrinhas saltitantes soltas nele são sua graça.
O velho só encontra livros escritos lindamente em seu percurso, nenhum livro com todas as folhas em branco.
Ao subir pela pilha de seus próprios livros, não achou nenhum que tivesse mais palavras do que aqueles que encontrou pelo caminho.
Os que ele encontra pela trilha misteriosamente traçada, pertencem aos seus donos e só a eles.
O velho, desde menino, nem deu conta de escrever tampouco, e mesmo assim tem certeza que tudo o que faz é ocupar-se de enfeitar as trilhas.
Tanta gente faz tanta coisa