quinta-feira, 12 de maio de 2011

Bege



As vezes a gente fica bege e segue em frente.
Faz cara de paisagem, reafirma a verdade na qual acredita e pinta uma foto mais vistosa.
Visto que a gente veste sempre a mesma pele, a mesma carapaça, a mesma esperança, vamos vendo o sol nascer quadrado sem necessariamente estarmos encarcerados.
Presos pela cabeça, no bálsamo da notícia e no aromático que há nas trocas do nosso sangue.
Quem tem na bolsa o antídoto, vai fazendo o impossível para não perder dele, a tampa.
A antítese da fala grossa e rouca do noticiário é o mergulho cego num gosto internalizado pela falta de numerário.
O capital é a alma de toda atividade lucrativa, desde que o lucro seja dividido obrigatoriamente por pouquíssimos.
É fácil fazer a conta.
Contou-me meu avô, um dia, que a paixão e a tenacidade do gostar da alma é um poder que faz compor e cantar canções bonitas e alegres.
O poder de construir impérios e rios de moeda corrente é uma outra espécie de paixão.
Compreendo que eu posso mover o teclado de celulares para fazer ligações sem tocar nos aparelhos, mas sei que posso por uma questão mágica, empírica e anedótica.
Sei disso para poder contar de forma teatral toda essa e as demais histórias do folclore artistico personal.
Eu não estou aqui para dar conselhos, estou aqui para contar histórias.
Já viram como conta, a maestrina da casa redonda?
Imagina uma comunhão de vozes e tons, arrancados sem força e saltitados através de uma garganta forte.
Um vulcão reafirmador da verdade internalizada.
A estabilidade bege não muda a paisagem que atravessa a rua, mas solidifica a gelatina da nossa crença pagã, que nos mantém respirando