terça-feira, 9 de agosto de 2011

A fala


Escreveu-me que a minha pele tem brilho.
Branca, por ela vê-se as veias.
Os pelos pelo jeito são tantos ao somarem-se às pintas pretas e vermelhas.
Um brilho que remete à proteção oleosa, porém - para o meu deleite - os seus olhos cheios de olhosidade enxergam além dessas fronteiras.
Poliglota, você traduz em várias línguas o sentido múltiplo aplicado à essa pele já revestida com alguma rugosidade experiente.
Experimentamos a fala concentrada na audição predileta.
Adoro ouvir a sua felicidade materna.
Rendo nessa linha um parabéns ao algodão do cabelo da minha, nesse dia de aniversariante.
A maternidade talvez seja a nascente de todas as coisas belas e das pessoas abençoadas pela compaixão e pelo perdão.
Providenciamos encarar de frente a providência divina, que tanto nos poetiza a vida - esse arcabouço de surpresas.
O que não nos surpreende a gente manda surpreender.
Manda mesmo, não pede.
Pedir a gente pede aquilo que a gente já conhece.
Andar com as próprias pernas exige o conhecimento do tamanho do sapo, e eu adoro a anfibiologia.
Pensando bem, a gente vê que que quase nada tem a importância que a gente imprime às coisas insignificantes.
Eu quase nada sei sobre história da arte.
O que aprendi é que não devemos nos ater à ditadura dela, ao seu sequenciamento, já que em arte não há evolução.
O que me alerta mesmo é a tradição e a ruptura, contida na dita cuja.
O que a gente observa, é a atividade do artista como reprodutor de tudo o que é natural e, depois da máquina fotográfica, elevamos a sua libertação da mimese.
Assim, nos cabe a democrática escolha dialética entre a figuração, ou a abstração.
Hoje na prova de inglês o povo adolescente não sabia o significado da palavra híbrido.
Ainda assim podemos hibridizar todas as coisas, até neologizar e dançar entre as suas abstrações.
Agradeço o fato que faz da sua pele, um brylho só