quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dado o fato


Fui assinar um papel e constatei que hoje é dia 31.
Um dia 13, ao contrário.
A minha cabeça fica feliz com essas relações que parecem místicas, porém são apenas estéticas, bonitas de se achar bonita quase que sozinho.
Quase.
No almoço comi pela primeira vez um purê de abobrinha.
Doce de doçura sua.
Depois de meia hora de explicação desenhada, falada e redesenhada, sobre como colocar seis quadrados agrupados no canto inferior direito de uma folha branca de papel sulfite, a menina me perguntou se era pra fazer, realizar e colocar na prática.
Eu disse que não.
Tudo aquilo era apenas um exercício solitário de animação abusada e que depois que eu fizesse surgir - dos seis quadrados de papel - um cubo com seis palavras, uma em cada um dos lados, o faria rolar quatro vezes e a partir de cada palavra que fosse sorteada daria forma a uma frase.
Até hoje a gente aprende na escola que um conjunto de quatro versos é uma estrofe.
Hoje é dia trinta e um?
Amanhã eu termino o poema de um junho dado 

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O mito


Houve a observação:
Numa mesma família, com a mesma criação e o mesmo carinho, assim mesmo os filhos são muito diferentes entre si.
Observei que tudo pode diferenciar-se num segundo.
De repente, zás e um indivíduo emudece, obscura-se, torna-se alvo do seu próprio medo, por exemplo.
Quem observara antes, comunica sobre os estudos do cientista psicanalítico em camundongos.
Várias explicações podem ser dadas para que, na mesma família, as pessoas sejam muito diferentes.
Escrevo tudo isso para dizer que eu aprendo com tudo o que ouço, tateio, provo pelo paladar, pelo cheiro, e por tudo aquilo que vejo.
Venha a informação de onde vier, mas principalmente dos pensadores céticos e ateus.
Amo a superficialidade com que trato as coisas, já que apenas para o aprofundamento tenho alguma preguiça.
Amo a pele das coisas e adoro professar inventando.
Invento moda, a de viola e a de vestir, invento histórias, invento tudo o que posso imaginar com algum sentido.
Adoro o pensamento ateu, para poder ver espiritualidade em tudo.
Ao experenciar algo inusitado, algo parecendo almático, acho lindo pensar como os ateus tratariam o tema, afinal, eles são profundos conhecedores do que é profundo.
O problema dos meninos e meninas hoje, foi personificar o conhecimento, ou um sentimento e escrever, escrever, escrever.
O conhecimento adentrou a caverna iluminada e desprendeu-se totalmente do problema, que ele originalmente havia criado

terça-feira, 29 de maio de 2012

Caminho às voltas


Eu admiro a poesia, adorando-a.
Aprecio demais não ir direto ao ponto, porém o problema relativo ao ponto deve - por mim - ser resolvido.
Nada mais tenho a dizer além da beleza que existe no caminho da resolução.
Ser direto é ser aquilo que toda a selva e a floresta prescrevem na sua natureza.
Alguém não acredita na natureza humana, mas põe fé na sua criação.
Eu boto fé na minha.
Fui convidado para ministrar um dia inteiro de uma aula sobre criatividade.
É possível um violão ser uma faca colocada inteira na faringe - com a ponta para cima - sem derramamento de sangue?
Eu não irei direto ao ponto de jeito nenhum.
Apontarei minhas caravelas para equilibrarem-se no fio da navalha.
Quando chegarem no final da lâmina, restará a elas apenas a pele que reveste a garganta.
Não restando mais alternativa ao homem, ele as vomitará para o paraíso

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Botens


Na periferia, árvores.
Pra lá das casas e dos fios.
Na cidade - no centro cheio de fios e cabos - cortem todos os caules, galhos e raízes.
Mesmo que a gente não veja, cortem as raízes.
Que imperem os fios, os cabos e a eletricidade.
A eletricidade tem a cidade até no nome - imaginem - deixem apenas o asfalto, os postes e os fios.
Árvores apenas onde eletricidade não exista.
Nenhuma árvore nas vias, nas calçadas, no canteiro central das avenidas de mão dupla.
Nada de árvores entre a gente.
A gente só quer comodidade, rapidez, água fora das galerias, já que essas, estão entupidas por nossos entulhos.
Corredeiras com as águas de março e as de qualquer outro mês que as tenha.
Inundação de bens de consumo urgente pra nós todos que somos gente urbana, árvore nenhuma.
Chega de hipocrisia minha, chega mais, chega mais perto.
Os botões da blusa que você usa parecem aqueles que são guardados pela redinha, que por sua vez são guardadas na perua, que nada tem a ver com você