quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Esse mundo é uma paisagem com muita informação visual.
Esse lugar irradia o cérebro com cores, formas, linhas e pontos de tensão que conjugam-se entre si, numa teia vibrante a nos energizar a massa cefálica.
Lembro-me que dizem sempre que devemos, em tudo, buscar o equilíbrio.
Eis aí uma situação que foge do nosso controle.
Nessa paisagem, basta sairmos de casa e nos deparamos com uma quantidade brutal de informações visuais, que juntam-se às sonoras, formando uma sinfonia operística que avança sobre nós inteiramente.
Estava no trânsito e parei ao lado de um ônibus vermelho com detalhes em prata e o motorista ficou brincando com o freio a ar, enquanto o chapeiro da lancheria da esquina fritava seus hamburgueres e o martelo de ferro do pedreiro demolia uma paredezinha da reconstrução ao lado do campo de futebol de areia, com dois times de cinco atletas cada, uniformizados, mirassol e barça rosa.
Meu automóvel não tem som.
Não tem som?
Foi só o sinal vermelho tornar-se verde para que o enduro roncasse como fera desgarrada, junto com um tilintar de moedas brincando de sinos, na parte baixa esquerda do chassi, na subida da avenida.
Mistura sonora e imagética, densa e suave, escura e luminosa, real na realeza dos fatos.
Parado em silêncio, tocando-me de leve o peito, deitado sobre o plástico de uma piscina furada, azul e branca, pude ouvir roncado, o som da minha idéia e a pertinência da minha fome

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