quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mesa de um lar


Hoje vou escrever sobre a viagem que alguém fará até o outro lado da rua.
Por mais que o sujeito observe, ele não estará totalmente seguro que não aconteça algum acidente no atravessar a dita.
Acidentes são assim, imprevisíveis.
O imprevisível não pode ser previamente visível e sendo assim, não há como descrevê-lo antecipadamente.
Exatamente o contrário da coisa poética.
Nela, a coisa nos aparece totalmente visível, mesmo que não possa ser vista por todo mundo.
A poesia é pré visível.
Quando coloquei um violão no centro da sala e perguntei aos alunos o que eles viam, logo uma garota respondeu:
Eu vejo a poesia do objeto.
Quando coloquei uma cadeira no centro da sala, um garoto foi logo dizendo:
É a espera.
Muitos disseram:
É um violão e é uma cadeira e os muitos continuaram insistindo na ideia que lhes foi imposta pela comunidade.
Além de ser pré visível, a poesia não é imposta, ela é a resposta da visão.
Nela, as coisas são postas numa nova ordem.
Talvez seja por isso que eu adoro o termo postar e mais ainda o respostar.
Acabei de ver um carro branco novinho, com inúmeros adesivos cobrindo a lata do lado direito que cobre a roda e o pneu.
O dono deu a resposta ao meu gosto de cobrir meu automóvel inteiro com sobras de adesivagem.
Aquele sujeito acabou de atravessar a rua e lancha sobre a mesinha do bar da esquina

Nenhum comentário: